sexta-feira, 25 de julho de 2008

100 ANOS DE IMIGRAÇÃO JAPONESA

DIGNIFICANDO A NATUREZA FEMININA

Nascida na província de Kobe, ao sul do Japão, desde os seis anos de idade Bernadette Kikuchi teve que aprender a lidar com a dor da perda do pai e, mais tarde, com a realidade de um país em guerra, profundamente arrasado pela rendição do exército japonês às tropas aliadas.
O treinamento que teve com a mãe, desde cedo, e mais tarde, a partir dos 18 anos, em Tóquio, frequentando a Escola Ignoramus, fundada por Georges Oshawa e Mme. Lima Ohsawa, solidificou sua personalidade de mestra e líder feminina, que logo iria se evidenciar internacionalmente.
Aos 22 anos de idade, ela desembarcou no Porto de Santos com seu companheiro, o educador Tomio Kikuchi, e o primeiro dos cinco filhos, então com um ano de idade. Há 53 anos no Brasil, Bernadette Kikushi vem se dedicando a fazer ressurgir a verdadeira feminilidade original, apostando uma vida inteira para o treinamento bio-estratégico de vida, em solidariedade a todas as mulheres.


Honra ao Mérito

Bernadette Kikuchi, 77 anos, é uma testemunha-viva dos acontecimentos que marcaram a história de lutas e sacrifícios dos imigrantes japoneses no Brasil. No dia 18 de junho passado, esteve presente às solenidades oficiais organizadas em Brasília por uma comissão do centenário da imigração, nas quais seu companheiro, o educador Tomio Kikuchi, foi um dos homenageados, agraciado com uma medalha de mérito pelo seu trabalho em prol das comunidades desses dois países.
Num encontro com o príncipe herdeiro Naruhito, do Japão e o Presidente do Brasil, Lula da Silva, no Palácio da Alvorada, ela foi a única mulher de um imigrante presente à solenidade a ter a deferência de um momento significativo com o príncipe Naruhito.
Acompanhando o educador Tomio Kikuchi em 53 anos de vida no Brasil, ela sentiu simultaneamente a responsabilidade feminina de educadora, e enfrentou muitas dificuldades para atender aos compromissos solidários, tratando de pessoas doentes, lidando com a miséria, insegurança.
Por um momento, nas festividades de comemoração, ela e seu companheiro, treinados na vida simples e adversa, perceberam que as comemorações, homenagens e festas pelo Centenário deixaram em segundo plano, ocultamente, o desmoronamento de muitos dos valores que os primeiros imigrantes não só os japoneses- trouxeram ao novo país e sentiram muita tristeza. O sentido original da festa se perdeu, a fertilidade e a vitalidade foram destruídas. Antigamente, as mulheres faziam mutirão para preparar as comidas, mas hoje a festa é custosa, extravagante, profissionalizada, sem a originalidade que caracteriza a festa fértil, vital, fortalecedora.
O pioneiro imigrante japonês dedicou sua vida inteira para formar seus filhos e netos, para que tivessem um título acadêmico, profissional maravilhoso, mas eles foram envolvidos pelo sistema superconsumista que supervaloriza o dinheiro e desmorona a solidariedade familiar, destruindo a personalidade dialogável, comunicável, confiável, ficando sem direção, desgovernados, como pipas cuja linha arrebentou. Assim inutilizou-se todo o esforço dos pais.

Cinco poderosas cooperativas de imigrantes e suas filiais no sul do continente fecharam, grandes bancos tiveram o mesmo fim, ao passar dos pais para os filhos e netos. Num mesmo exemplo de desmoronamento, 80% das famílias japonesas se desintegraram por falta de diálogo confiável entre marido e mulher, pais e filhos, envolvidos nessa tendência catastrófica. Até os centros culturais das colônias japonesas perderam a qualidade de sua função devido às numerosas brigas entre seus dirigentes e lideranças, comprometendo o futuro de suas organizações.
Por isso, a festa dos 100 anos é o exemplo de festa mais triste, com muitas mulheres sofrendo, desanimadas com o futuro.
“Bernadette é vitoriosa, porque quem perde externamente é que ganha. A qualidade do treinamento feminino inesgotável funcional, é a finalização cotidiana. E isso é a mulher quem faz, a mãe. A potência feminina focaliza mais a função interna, cardíaca, sangüínea, sempre perdendo para poder ganhar. Todo mundo está querendo se tornar vitorioso monetariamente, mas internamente está derrotado, falou entusiasmado o Professor Kikuchi. “Mãe de cinco filhos, todos partos feitos em casa, sem médico. Agradecendo tudo, utilizando tudo, dificuldades, crises, adversidades, porque tudo é útil para desenvolver com visão feminina mais original e solidária, com todas as mulheres, ela jamais gastou um tostão com produtos de beleza, cosméticos, moda, aparência. Bernadette jamais gastou o tempo inutilmente. Foi minha companheira nos acontecimentos de vida e morte um acidente de carro muito grave, em que me feri e ela quase morreu; a invasão de nossa casa por bandidos armados ou situações de doença, miséria e insegurança.”, concluiu.


Testemunhas-Vivas da História


Dr. Yoshinobu Takeda, médico formado na Universidade Imperial de Kyushu, foi enviado a São Paulo pelo governo do Japão como assistente médico da colônia japonesa no Brasil. Ele foi o médico mais brilhante da história dessa colônia, foi um dos três fundadores do Enkio, uma importante associação de assistência da colônia japonesa em São Paulo. Viveu 98 anos.
Sra. Yoshiko Hanashiro, natural da ilha de Okinawa, completou 100 anos neste ano do centenário da imigração.Chegou ao Brasil em 1928. Teve 11 filhos.
Esses dois exemplos de longevidade, Dr Yoshinobu Takeda e a Sra. Yoshiko Hanashiro, estão entre os 157 imigrantes japoneses com idade de 80 a 100 anos, cujo estilo de vida determinou uma constituição normal, vital, seguindo a natureza ordinária.
Há 100 anos atrás, as pessoas viviam um estilo de vida mais tradicional, não comiam produtos industrializados, faziam refeições em casa e não saiam para restaurantes. Naquela época, não havia coca-cola, nem hamburguer. O estilo de vida atual está prejudicando a vitalidade das pessoas e reduzindo a duração da vida para 40, 60 anos.
A tendência atual da maioria dos imigrantes japoneses é também de um destino decadente, mas recuperando a originalidade poder-se-á desinverter para um estilo ascendente.

O dr. Yoshinobu Takeda era médico, mas sofria de gastrite, úlcera prre-cancerosa do estômago e piorréia. Quando procurou o Professor Tomio Kikuchi, mudou seu estilo de vida para hábitos mais conscientes e desapareceram todos os sintomas das doenças. Reconhecendo a maravilha da regularização do sangue, viveu até os 98 anos dizendo que ia completar 100, mas foi atropelado e morreu antes disso.
A Sra. Yoshiko Hanashiro há 20 anos atrás sofria de artrose grave, com dores nas juntas do corpo todo, febre, inapetência e depressão. Quando fez a dieta recomendada e o tratamento da uti familiar, orientada pelo Professor Kikuchi, inacreditavelmente desapareceram aqueles sintomas infernais. Assim ela recuperou a vitalidade e conseguiu chegar aos 100 anos. A auto-educação vitalícia é exatamente a recuperação do estilo de vida sagrado, inderrotável, inviolável quando focaliza na potência feminina materna, na culinária da vida.

Um comentário:

Bernadete Orgânica disse...

Que história fantástica do Mestre professor Tomio Kikuchi e de Dona Bernadete Kikuchi! lamentável os acontecimentos ruins que sofrefam aqui no Brasil! que casal iluminado ricos de amor e esperança pela himanidade..